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sábado, 11 de dezembro de 2010

O objeto IV

Foi uma espécie de feitiço. Estava num bar da moda e a vi de repente, servindo algumas mesas. Uma pequena garota de avental e sapatilhas chinesas. E entre boquiaberto e incrédulo voltei dez anos no tempo e lembrei de uma antiga colega de trabalho. A mesma altura, o mesmo rosto e a beleza simples e marcante. 
Seguiram-se várias visitas ao bar. Pelo menos uma vez ao mês estava lá batendo o ponto. Bebendo vodka e perdendo as estribeiras e o bom senso. Primeiro foram os bilhetinhos, os pequenos presentes. Depois foram as mensagens via Orkut e as visitas ao trabalho que ela tinha durante o dia. Mas é claro que nada disso me serviu de ajuda. A diferença de idade era por demais óbvia e constrangedora. E desisti. Não sou um stalker persistente, apaixonado mas pouco insistente. 
Estou acostumado às recusas femininas. Afinal não sou um cara alto, bonito e sensual. E provavelmente, isso explique a minha fissura pelo twitter, onde as relações com gente desconhecida não me expõem ao ridículo. É melancólico, patético. Pareço mais um ser químico que começa a cheirar mal. Um verme que não tem coragem de enfrentar a vida. De dizer uma palavra apenas: TE AMO com todas as letras. Disfarço o meu fracasso fazendo o papel de um cara sensível que escreve poesias. E tudo não passa de um puta mentira. 
Os meus objetos de desejo deveriam de formar uma associação e me denunciar na delegacia de crimes virtuais. Preciso ser internado, condenado. Ninguém merece ter um stalker tão mediano e medíocre. E muito menos ler as bobagens que escrevo.
Amanheci mais uma vez só
Não sei se continuo vivo
ou sou simplesmente
um ser químico
cheirando mal.

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