Foi uma espécie de feitiço. Estava num bar da moda e a vi de repente, servindo algumas mesas. Uma pequena garota de avental e sapatilhas chinesas. E entre boquiaberto e incrédulo voltei dez anos no tempo e lembrei de uma antiga colega de trabalho. A mesma altura, o mesmo rosto e a beleza simples e marcante.
Seguiram-se várias visitas ao bar. Pelo menos uma vez ao mês estava lá batendo o ponto. Bebendo vodka e perdendo as estribeiras e o bom senso. Primeiro foram os bilhetinhos, os pequenos presentes. Depois foram as mensagens via Orkut e as visitas ao trabalho que ela tinha durante o dia. Mas é claro que nada disso me serviu de ajuda. A diferença de idade era por demais óbvia e constrangedora. E desisti. Não sou um stalker persistente, apaixonado mas pouco insistente.
Estou acostumado às recusas femininas. Afinal não sou um cara alto, bonito e sensual. E provavelmente, isso explique a minha fissura pelo twitter, onde as relações com gente desconhecida não me expõem ao ridículo. É melancólico, patético. Pareço mais um ser químico que começa a cheirar mal. Um verme que não tem coragem de enfrentar a vida. De dizer uma palavra apenas: TE AMO com todas as letras. Disfarço o meu fracasso fazendo o papel de um cara sensível que escreve poesias. E tudo não passa de um puta mentira.
Os meus objetos de desejo deveriam de formar uma associação e me denunciar na delegacia de crimes virtuais. Preciso ser internado, condenado. Ninguém merece ter um stalker tão mediano e medíocre. E muito menos ler as bobagens que escrevo.
Amanheci mais uma vez só
Não sei se continuo vivo
ou sou simplesmente
um ser químico
cheirando mal.
sábado, 11 de dezembro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentarios:
Postar um comentário